Não pense que a Fiat está desvirtuando a Jeep. Acontece que ela precisa fazer a fabricante norte-americana ser rentável e lançou mão da estratégia de causar e impressionar para atrair os holofotes para si. Ao menos é isso que se nota observando o novo Jeep Cherokee e, agora, o Jeep Renegade, começa a ser fabricado em Melfi, na Itália, no último semestre e dentro de exatamente um ano começa a sair da fábrica do grupo em Pernambuco.
A Jeep não usou teasers nem divulgou sketches: até imagens do Renegade vazarem no início da semana ele era um desconhecido e impressionou quando apareceu. O choque inicial com relação ao design é semelhante ao percebido no ano passado com a apresentação do Cherokee. São esquisitos? Sim. Chegou ao mercado após alguns adiamentos, somou elogios da imprensa internacional e vendeu muito bem, obrigado, em seu primeiro mês cheio nos EUA: 10.169 unidades ante 11.753 de Wrangler e 14.798 de Grand Cherokee. Isso resultou num aumento de 30% nas vendas mensais da marca diante dos números mensais da marca nos últimos 4 anos. Nada mal…
A Daimler não deixou um bom legado para o Grupo Chrysler e agora cabe à Fiat contornar a situação. Mais do que compartilhar plataformas – que foi o que a Daimler fez, em geral com plataformas antigas – a Fiat está desenvolvendo os modelos em conjunto com as marcas norte-americanas, definindo muito bem a intenção de cada carro e seu público alvo desde a fase embrionária. A plafaforma do Renegade é a mesma do Fiat 500L, que também será empregada no SUV da Fiat, o 500X. Só que nenhum dos dois terá tanta capacidade off-road, opções de motorização – falarei disso mais a frente - e será vendido em tantos mercados quanto o Mini-Jeep. Ele estará em mais de 100 mercados e também será fabricado na China a partir de 2016.
Digamos que o Renegade até tem nas mãos uma missão fácil. Tudo bem que seu nome é proveniente de versões do Wrangler e do Liberty, e de um conceito de 2008. Mas sua real função dentro da empresa é, de certa forma, explorar o segmento de SUVs compactos substituindo o Patriot (carro mais barato da marca e que sequer foi vendido por aqui) e o Compass. Ser melhor que eles, cá entre nós, não será difícil.
O Renegade parece pequeno nas fotos mas, como bem disse o Uol, tem dimensões próximas às de um Kia Soul: 4,23 metros de comprimento, 1,69 metro de largura e 2,57 metros de entre-eixos. O porta-malas, por sua vez, tem 350 litros de capacidade. Teria cacife para encarar modelos como Ford EcoSport, Renault Duster e Chevrolet Tracker se, claro, seu preço for conveniente.
Por dentro ele parece ser menos selvagem, com estilo que mistura um pouco da brutalidade dos Jeep com linhas arredondas que parecem ser sugestão da Fiat; nada muito diferente dos Dodge e Chrysler mais recentes. O pacote de equipamentos é interessante e envolve sistema de infoentretenimento com tela sensível ao toque de 6,5 polegadas com sistema som, GPS, Bluetooth e entradas USB e auxiliar, sete airbags, controle de tração e de estabilidade, aviso de ponto cego e assistente de partidas em rampa, entre outros itens.
Como opcional há dois sistemas de teto solar My Sky. Com retirada manual ou elétrica por meio de uma função extra de deslizamento e inclinação, algo que remete ao Wrangler, que pode ter a capota desmontada.
Mas o Renegade tem a obricação de ser bom de off-road – algo que nunca passou pela mente do Compass. Por isso o Renegade terá a disposição dois sistemas de tração 4×4 e 16 combinações de motores e transmissões possíveis.
O fato de ser pensado para diversos mercado o deixa com um leque de opções mecânicas nunca visto antes em um Jeep. Serão cinco motores a gasolina – incluso o E.TorQ 1.6 fabricado no Paraná – , dois a diesel, e quatro transmissões, sendo uma automática, uma automatizada de duas embreagens e duas manuais, seguindo a seguinte ordem:
Gasolina
• 1.6 E.TorQ com Stop&Start e câmbio manual de cinco marchas (4×2)• 1.4 MultiAir2 com Stop&Start e câmbio manual de seis marchas ou DDCT (4×2)
• 1.4 MultiAir Turbo com câmbio manual de seis marchas (4×2 e 4×4)
• 1.4 MultiAir2 Turbo com Stop&Start e câmbio manual de seis marchas ou automático de nove (4×2 e 4×4)
• 2.4 Tigershark com câmbio automático de nove marchas (4×2 e 4×4)
Diesel
• 1.6 MultiJet II com Stop&Start e câmbio manual de seis marchas (4×2)• 2.0 MultiJet II com Stop&Start e câmbio manual de seis marchas ou automático de nove (4×4)
Quando não se tratar de uma versão 4×2, a força chegará às rodas por meio dos sistemas 4×4 capazes de poder transmitir 100% do torque disponível ao solo em apenas uma das rodas O Jeep Active Drive mantém o 4×4 permanentemente ativo e o Active Drive Low ainda tem a função de multiplicar o torque, como uma tração reduzida. Além disso o Renegade é o primeiro off-road pequeno com desconexão do eixo traseiro e caixa de transferência, o que proporciona maior economia de combustível às versões 4×4.
Os sistemas 4×4 Jeep Active Drive e Active Drive Low incluem o recurso Jeep Selec-Terrain, com até cinco modos: Auto (automático), Snow (neve), Sand (areia) e Mud (lama), mais o exclusivo Rock (Pedra) na versão Trailhawk. O objetivo dessas funções é aprimorar a condução com tração nas quatro rodas, tanto na estrada como fora dela, em qualquer condição climática.
A Trailhawk será a versão mais “poderosa” do Jeep Renegade. Ela ostenta o selo “Trail Rated 4×4″ e oferece a maior aptidão para o uso fora de estrada. Nele são de série o Active Drive Low, o Selec-Terrain com modo Rock exclusivo, a altura da carroceria aumentada em 2 cm e há placas protetoras e ganchos de reboque dianteiros e traseiros. Os paraa-choques exclusivos garantem ângulo de ataque de 30.5°, ângulo de rampa de 25.7° e ângulo de saída de 34.3°. Nada mal…
Sem querer encher a bola da Fiat, mas ela está tendo a coragem de cair pra dentro e reestruturar não apenas a Jeep, mas todas as marcas do Grupo Chrysler, coisa que a Daimler passou longe de ter. Ela vê as marcas norte-americanas como solução para alcançar a rentabilidade e não como uma forma de reciclar projetos antigos, como fazia o grupo alemão.
Com informações da Autos e Segredos.
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